25.4.18

Diário de Bordos - Paguera, Mallorca, Baleares, Espanha, 25-04-2018

Encontro o P. melhor do que esperava. Amanhã mudo-me para bordo. Não se pode dizer que seja um hotel de cinco estrelas mas é como se fosse. Isto é: é melhor do que qualquer hotel, tenha as estrelas todas do céu se quiser. Está desarvorado, coitado, com o mastro a sair-lhe três metros pela proa e dois pela popa. Hoje tirei-lhe os vaus e comecei a tirar os brandais, andei pelos fundos - o motor já saiu -; tenho de ir a Palma buscar meia dúzia de coisas.

Há pessoas que não gostam de refits. Percebo-as perfeitamente: é como gostar de andar à beira do abismo num dia de muito vento sabendo que a pedra onde caminhamos pode esboroar-se por ali abaixo a qualquer momento. Se não for a pedra é o vento. Se não forem a pedra e o vento somos nós. Ou Deus, a existir. Ou o azar. Sei lá: o universo inteiro conjura para nos pôr lá em baixo. 

Um dia o refit acaba e é a vida: não é como queremos mas é o melhor que podemos e quando vamos a ver já é muito.

Quando o bote merece é ainda melhor, um paraíso. O P. merece.

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Paguera - o sítio onde estou até amanhã, mais ou menos a meio caminho entre Palma e Port d'Andratx - é menos desinteressante do que Port d'Andratx e menos interessante do que Palma. Três em cada duas pessoas são alemãs. Infelizmente a escola de línguas Al Almofada só funciona para quem quiser aprender alemão da Idade Média. 

Uma longa rua com restaurantes, lojas de roupa e dois supermercados  (até agora). É compreensível que os alemães escolham isto como destino de férias: não precisam de articular uma única palavra de espanhol. 

Nutria uma certa simpatia pelos boches, antigamente. Agora cansam-me. Se ao menos fossem jovens... A medecina moderna é uma maravilha mas com a modernização perdeu de vista os critérios estéticos.

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Janto na Casa Enrique, como ontem mas pior. 

Escolhi um prato em vez de tapas. Qualquer dia volto cá, para tirar dúvidas.

Isto dos restaurantes é como as mulheres em menos: não são precisos cem anos para saber se nos enganámos.

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